O Brasil enfrenta altos índices de violência e insegurança, especialmente nos grandes centros urbanos. Diante desse cenário preocupante, torna-se cada vez mais urgente a implementação de ações que promovam a cultura de paz. E as escolas têm um papel fundamental nesse processo.
Algumas escolas em São Paulo têm se destacado na promoção da cultura de paz e na execução de projetos que incentivam a compreensão entre crianças e jovens de diferentes culturas e raças.
O Colégio Equipe e a Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha) desenvolveram um trabalho com o ong Ação Educativa que ajudou às escolas a olharem para seu espaço, sua comunidade escolar e avaliar como as questões raciais estavam sendo debatidas. “Foi um trabalho muito interessante que envolveu toda a comunidade escolar a estar engajada para as questões raciais”, diz Clélia Rosa, assessora pedagógica do Gracinha. “Estamos em pleno 2023 descobrindo trabalho escravo no Rio Grande do Sul. Estamos vivendo um racismo ambiental, e isso foi alimentado. O que as escolas têm a ver com isso? O que ensinamos sobre valores, sobre ética? Quem são essas pessoas? São muitas camadas juntas e o papel da escola é trazer tudo isso. Não dá para as escolas do Brasil acharem que o assunto não é com elas”, enfatiza Rosa.
O Instituto Equipe Cultura e Cidadania, do Colégio Equipe, desenvolve vários projetos sociais. Entre eles, alunos do F2 levam alegria para crianças internadas em hospital infantil; estudantes do ensino médio, semanalmente, desenvolvem atividades junto aos estudantes de escola pública, filhos de imigrantes e refugiados. Confira alguns projetos.
Também é importante a comunidade escolar estar engajada para o sucesso das ações de não-violência. O Centro Educacional Pioneiro criou o Projeto de Mediação, em parceria com as Equipes de Ajuda - grupo formado por alunos do F2 e EM, eleitos entre os pares, para atuar junto aos colegas com estratégias que favoreçam a convivência escolar harmônica. Na disciplina de Convivência Ética, a escola oferece espaço de escuta e acolhimento em cada uma das turmas.
No Gracinha, as rodas de conversas são corriqueiras e muito importantes, na opinião dos alunos. “Ter um lugar de fala e de respeito, para pessoas que fazem parte da comunidade LGBT é muito importante. Faz com que todo mundo se sinta muito mais acolhido na escola”, diz a aluna Luiza Carvalho.
Para o diretor, Wagner Borja, “estamos vivendo um momento bem complexo, mas tenho convicção de que ter um espaço de diálogo que possibilita os alunos se organizarem e apresentarem as suas questões, contribui muito para um clima mais harmônico e para que os alunos se tornem cidadãos que saiam da escola pensando mais no todo do que só no seu projeto pessoal de vida”.
Para a aluna Nina Filizola, são nesses momentos de discussão em roda que os problemas ficam visíveis e são discutidos. “O bullying, por exemplo, é algo muito pesado e que pode passar desapercebido”, diz.
Essa pauta é importante para alertar a sociedade sobre a necessidade urgente de se investir em ações que promovam a cultura de paz. É uma oportunidade para refletir sobre o papel das escolas na formação de cidadãos conscientes e como elas podem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica.
Pautas complementares
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Cecilia Galvão/Jornalista/diretora
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